São sempre perguntas intrigantes: e se pudéssemos voltar e mudar algo em nosso passado? Será que temos liberdade de escolher nosso futuro ou nosso destino já está traçado? São perguntas referentes à nossa vida e às nossas escolhas. Portanto, atingem a todos que param para pensar sobre o sentido da vida que estão levando. Talvez, por este motivo, que a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo escolheu este tema como conteúdo para ser apresentado aos alunos da segunda série do ensino médio na disciplina Filosofia.
O curta metragem brasileiro infelizmente é pouco visto, porém é muito adequado para a sala de aula, pois é curto o suficiente para ser exibido e discutido em uma aula, por ser sem legendas e por apresentar autores e temas nacionais que permitem a identificação dos educandos com o filme. Sendo assim, os educandos surpreendem-se com o filme e chegam a torcer para Barbosa pegar aquela bola e mudar o destino daquele lance, lance que Barbosa "já pensou 1 milhão de vezes". Os alunos ainda podem conhecer um pouco da época em que aconteceu o jogo devido a apresentação no curta de imagens históricas do dia do jogo.
A valorização da arte cinematográfica brasileira deve começar na escola, este pressuposto nos fez trocar o filme "clichê" americano por esta ficção de personagens reais da cultura brasileira. O projeto Curta na Escola acerta ao propor a reflexão de temas universais a partir da perspectiva nacional, tão corriqueira e popular como o futebol.
Na proposta, deveríamos fazer os alunos refletirem sobre a importância de planejarem e refletirem sobre o futuro, independentemente se acreditavam que seus destinos já estavam traçados ou se suas vidas ainda estavam por ser construídas. A metodologia de trabalho solicitava que o caminho da reflexão deveria passar pela simulação da hipótese de se voltar no tempo e mudar algum aspecto, ou decisão, tomada no passado. Os alunos deveriam refletir sobre suas vidas e escolher um momento que mudariam uma decisão tomada. Para estimular a reflexão, a proposta curricular propunha a exibição do filme Efeito Borboleta, longa metragem de Hollywood que retrata a vida de um jovem que tem o dom de voltar ao passado e mudar uma situação ocorrida em sua infância e, a partir das diferentes alterações que faz no passado, seu presente muda.
Como a Proposta Curricular permite adaptações, resolvi manter o tema, o conteúdo e a metodologia, porém, mudei o filme a ser apresentado. Escolhi Barbosa, curta metragem do gaúcho Jorge Furtado. Fiz a alteração do filme para apresentar aos alunos uma linguagem cinematográfica que não lhes é habitual: o curta metragem brasileiro.
O curta também apresenta a idéia de voltar ao passado para alterar um de seus aspectos, no caso, Antônio Faguntes faz um personagem que constrói uma máquina do tempo para voltar ao dia em que o Brasil perdeu a Copa do Mundo de 1950 em pleno Maracanã, estádio construído para coroar o futebol arte e que viu Barbosa ser surpreendido por um chute de Giggia, o atacante uruguaio. A derrota brasileira atormentou a vida do personagem a ponto deste viver obsessivamente em função de alterar esta mancha na história futebolística nacional.
