Relato de atividade em sala de aula

O QUE DIFERE OS HOMENS...

Ilha das Flores
30/11/2009
Língua Portuguesa
Ensino Fundamental - Anos Finais
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patricia machado hanauer



O objetivo do trabalho foi (re)pensar as atitudes do homem, único ser dotado de racionalidade, apresentando a questão da diversidade sociocultural e os danos causados a partir da questão capitalista onde o dinheiro se sobrepõe a bens maiores como a compaixão, o amor, a caridade, a generosidade e paradoxalmente ao que entendemos por humanismo.
Busquei trabalhar tais conceitos para que houvesse um resgate de valores, que infelizmente estão sendo esquecidos, numa sociedade onde tudo gira em torno do consumo exacerbado e a mídia que deveria auxiliá-los apregoando ética e a questão dos direitos humanos, ao contrário agrava mais esta situação, incentivando os jovens ao consumo desmedido de bens, na maioria das vezes inúteis, e incitando a individualidade ao invés do cooperativismo.

O filme foi assistido no multimídia, a medida que os alunos residem em área rural e nunca haviam ido ao cinema, pensei então em proporcioná-los esta simulação. Primeiramente discutimos qual a ideia central do filme, que foi exibido por três vezes, eles creiam ser a questão da poluição ambiental, discutimos sobre este assunto, porém lhes disse que não era esta a proposta.Levantei algumas questões para que eles pudessem refletir a respeito,enquanto eles pensavam e trocavam ideias, fui colocando no quadro algumas considerações:"Todas as atitudes dos homens e suas intervenções na natureza são positivas?", "O que difere os homens dos outros animais?", " O que difere os homens entre si?" Após iniciou-se uma mesa redonda para que discutíssemos sobre tais proposições, sempre valorizando o ponto de vista de cada um e norteando o trabalho para que (re)pensassem outros aspectos esquecidos e até mesmo desconhecidos.Quando a turma conseguiu atingir o propósito da atividade conversamos a respeito da desigualdade social e suas consequencias. Debatemos sobre a criminalidade existente em nossa sociedade e trouxe dados para que observassem que a grande parte desta é devido as diferenças sociais de nossa população. Jovens e crianças ficam a "mercê" dos males por estarem expostos nas ruas, pedindo esmolas, dormindo nas ruas e a partir disto muitos iniciam sua vida no crime. Conversamos sobre como os jovens e crianças começam a roubar para sobreviver e se envolvem no "mundo das drogas", onde o caminho é sem volta, na maioria das vezes. Como subsídio para o filme trouxe para eles o poema O BICHO, de Carlos Drummond Andrade e eles fizeram uma breve comparação da problemática abordada no filme e o trecho que diz:" Vi ontem um bicho, na imundicie do pátio... o bicho, meu Deus, era um homem..." Esta atividade foi desenvolvida em quatro períodos, pois em um único dia o trabalho não ficaria com tanta riqueza de discussões e pontos de vista.

A experiência foi muito gratificante, os alunos refletiram sobre valores éticos e voltaram seu olhar para o que realmente é humanismo, no amplo sentido da palavra. Perceberam que somos todos iguais, embora uns com mais oportunidades que outros. Falaram sobre como algumas pessoas julgam outras meramente pela aparência ou cultura. Isso foi importante, a medida que como residem em área rural, puderam ver que a cultura existe sempre, embora seja muito diversificada e que devem sempre respeitar o outro, em todos os sentidos, pois todos somos iguais independente de credo ou qualquer outra questão étnica, cultural ou social. Disseram que o que difere os seres não é o poder econômico, mas sim seu caráter e generosidade. Falaram sobre a importância de ajudar quem possui menos condições econômicas, discutiram sobre filantropia. Me senti extremamente feliz com este trabalho e continuarei explorando os filmes do CURTAS NA ESCOLA, pois são filmes de pouca duração, mas riquíssimos em conteúdos e valores para serem trabalhados em sala de aula. Me sinto responsável, enquanto educadora, pelo resgate da caridade e valores morais que os jovens vêem aos poucos perdendo em detrimento de outros valores apregoados pela camada dominante e alienista da sociedade.