Caro professor, estamos diante de uma produção cinematográfica construída a partir da ótica e estética juvenis. Para que a abordagem do documentário se dê de forma aprofundada, sugerimos que, antes da sua exibição, ocorra a explanação a respeito do papel histórico da UNE (União Nacional dos Estudantes) e da sua atuação de resistência, particularmente, no decorrer da Ditadura Militar Brasileira. Acreditamos que, dessa forma, será possível criar um contexto histórico que sustente a narrativa do filme, ao abordarmos a importância da mobilização de jovens, seja na política, seja na produção cultural. Um gancho interessante de análise e que surge logo no início da narrativa cinematográfica é o questionamento da atuação de jovens, vista de formas diversas na sociedade, trafegando entre preconceitos e idealizações.
Uma boa pergunta para começar essa conversa é questionar os estudantes sobre como eles se veem como jovens na sociedade e como eles acreditam que a sociedade os vê. Qual seu papel social? Que importância política eles acreditam ter no momento atual? Há algo a ser transformado? Que mudanças eles acreditam que devam acontecer e qual a contribuição que a juventude tem a dar nesse processo?
Essa conversa inicial visa a, ao mesmo tempo, construir um histórico a respeito do papel da juventude mobilizada politicamente e trazer à tona a imagem que os jovens têm de si mesmos na atualidade, problematizando qual seria seu papel social.
O filme expõe, ao longo da sua narrativa, fraturas inerentes ao modelo social vigente, como a exclusão derivada da pobreza e da falta de acesso aos bens culturais, além de baixa remuneração e moradia precária, dentre outros. A novidade, no caso desta narrativa cinematográfica, é que a voz que denuncia as contradições sociais é de jovens que, por vezes, mesclam o macrossocial com as suas origens pessoais, fazendo da sua própria vivência a legitimidade da narrativa central do filme.
A partir de pautas que remetem ao ano de 2013, como o Passe Livre, o Congresso da UNE de 2017, o questionamento de hegemonias sociais tradicionais, como liderança masculina e branquitude, o filme vai se constituindo como uma teia de novos olhares e possibilidades que marcam a pujança da juventude mobilizada.
Outro aspecto a ser destacado é o questionamento sobre o papel da escola enquanto reprodutora do sistema vigente. A problematização dos conteúdos curriculares não pode passar ao largo da discussão junto aos estudantes, que questionam o que se aprende e o que não se aprende dentro da escola. Para aqueles que narram o filme, a tentativa do Governo Estadual de São Paulo de reorganização das escolas públicas foi um disparador da consciência de que a escola é dos estudantes, o que os levou à resistência e ocupação de várias delas, fazendo o governo retroagir na sua proposição.
O confronto entre estudantes e a polícia militar é outro aspecto que se destaca, a partir do questionamento relacionado à origem social da PM, proveniente das camadas populares: os filhos dos PMs também são estudantes das escolas públicas, e o poder do Estado colocou as duas gerações em lados opostos nas ruas. As práticas autoritárias do Governo Paulista se evidenciaram na reação dos estudantes e nas prioridades do governo, passando ao largo da educação de qualidade. Ao final, eram praticamente 200 escolas ocupadas pelos jovens, legitimando a força da mobilização estudantil.
Temas como machismo, feminismo, distribuição de tarefas, estética, racismo e outros também são pautados, oportunizados pela experiência da ocupação das escolas, que, a certo momento, torna-se o ponto focal da narrativa.
O uso da violência pela força policial é outro aspecto que merece problematização: Quem a PM representa? Qual a legitimidade do uso da força contra estudantes, na sua maioria, menores de idade? Quem a lei brasileira protege? Qual a razão de reivindicações no Brasil serem consideradas atos infracionais?
O filme culmina com a síntese analítica dos fatores que conduziram o Brasil ao golpe parlamentar de 2016, com a destituição da primeira mulher eleita pelo voto direto para a Presidência da República, Dilma Rousseff.
A reflexão final sobre a violência do Estado e a perplexidade dos jovens diante dos mecanismos que visam à manutenção do status quo possibilita a análise das instituições e da organização conservadora da sociedade brasileira, culminando com a eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência do Brasil.
Boa oportunidade para você, professor, discutir empatia, mobilização política, legalidade, legitimidade, dentre outras perspectivas conceituais tão caras para as Ciências Humanas.
Na perspectiva da BNCC, as competências e habilidades que podem ser favorecidas são:
1- Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.
(EM13CHS101) Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.
5- Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência, adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos.
(EM13CHS501) Analisar os fundamentos da ética em diferentes culturas, tempos e espaços, identificando processos que contribuem para a formação de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, a cooperação, a autonomia, o empreendedorismo, a convivência democrática e a solidariedade.
(EM13CHS502) Analisar situações da vida cotidiana, estilos de vida, valores, condutas etc., desnaturalizando e problematizando formas de desigualdade, preconceito, intolerância e discriminação, e identificar ações que promovam os Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às diferenças e às liberdades individuais.
(EM13CHS503) Identificar diversas formas de violência (física, simbólica, psicológica etc.), suas principais vítimas, suas causas sociais, psicológicas e afetivas, seus significados e usos políticos, sociais e culturais, discutindo e avaliando mecanismos para combatê-las, com base em argumentos éticos.
(EM13CHS504) Analisar e avaliar os impasses ético-políticos decorrentes das transformações culturais, sociais, históricas, científicas e tecnológicas no mundo contemporâneo e seus desdobramentos nas atitudes e nos valores de indivíduos, grupos sociais, sociedades e culturas.
6- Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fazendo escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
(EM13CHS605) Analisar os princípios da declaração dos Direitos Humanos, recorrendo às noções de justiça, igualdade e fraternidade, identificar os progressos e entraves à concretização desses direitos nas diversas sociedades contemporâneas e promover ações concretas diante da desigualdade e das violações desses direitos em diferentes espaços de vivência, respeitando a identidade de cada grupo e de cada indivíduo.
EM13CHS101 - Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais.
EM13CHS501 - Analisar os fundamentos da ética em diferentes culturas, tempos e espaços, identificando processos que contribuem para a formação de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, a cooperação, a autonomia, o empreendedorismo, a convivência democrática e a solidariedade.
EM13CHS502 - Analisar situações da vida cotidiana, estilos de vida, valores, condutas etc., desnaturalizando e problematizando formas de desigualdade, preconceito, intolerância e discriminação, e identificar ações que promovam os Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às diferenças e às liberdades individuais.
EM13CHS503 - Identificar diversas formas de violência (física, simbólica, psicológica etc.), suas principais vítimas, suas causas sociais, psicológicas e afetivas, seus significados e usos políticos, sociais e culturais, discutindo e avaliando mecanismos para combatê-las, com base em argumentos éticos.
EM13CHS504 - Analisar e avaliar os impasses ético-políticos decorrentes das transformações culturais, sociais, históricas, científicas e tecnológicas no mundo contemporâneo e seus desdobramentos nas atitudes e nos valores de indivíduos, grupos sociais, sociedades e culturas.
EM13CHS605 - Analisar os princípios da declaração dos Direitos Humanos, recorrendo às noções de justiça, igualdade e fraternidade, identificar os progressos e entraves à concretização desses direitos nas diversas sociedades contemporâneas e promover ações concretas diante da desigualdade e das violações desses direitos em diferentes espaços de vivência, respeitando a identidade de cada grupo e de cada indivíduo.