Caro professor, o documentário "Serras da Desordem" faz parte da coleção Educação Antirracista e pode ser trabalhado no Ensino Médio. Ele é composto por cenas impactantes e poucas vozes, intercalando imagens em preto e branco com coloridas.
O documentário inicia com um indígena nu em uma floresta. Posteriormente, é apresentada a rotina de outros indígenas, que convivem pacificamente com animais (como macacos e porcos), tomam banho no riacho, brincam, conversam, se alimentam e se abrigam no mato. Em contraste a essa rotina, o vídeo mostra um trem de carga e, posteriormente, um ônibus com alguns passageiros.
Depois, as cenas são de violência: os capitães do mato manuseiam armas e atiram para acertar os indígenas, que fogem. Eles destroem o acampamento indígena e colocam fogo na mata. Um bebê fica em meio às chamas, mas é salvo por alguém da tribo.
As próximas imagens são rápidas e apresentam cenas de desmatamento, destruição da floresta, garimpos, guerras, extrativismo, construção de pontes, pessoas pobres pegando comida nos lixões, construção de hidrelétricas e siderúrgicas, criação ovina e bovina, cenas de religiões, protestos, discursos famosos, acontecimentos marcantes na História do país, estágio de futebol, carnaval, festas populares, dinheiro, Rio de Janeiro, praia, dentre outras.
O documentário apresenta a busca por Carapiru, um indígena nômade que escapa de um ataque surpresa de fazendeiros. Durante dez anos, ele andou sozinho pelas serras do Brasil central, até ser capturado em novembro de 1988 pelo sertanista Sydney Possuelo e levado para Brasília para receber auxílio da Fundação Nacional dos Índios (FUNAI).
O sertanista e os seus companheiros realizaram entrevistas com algumas pessoas de um vilarejo que conheceram o indígena nômade. O vídeo mostra o dia a dia dos moradores e, posteriormente, quando ele foi encontrado e levado para Brasília. Carapiru ficou na casa de um sertanista, almoçou com a família dele e “aprendeu” alguns costumes, como comer com talheres e usar roupas.
Uma reportagem da televisão retratou Carapiru como desajeitado, dócil, com pouca fala em um tupi arcaico e difícil de ser entendido, questão que pode ser problematizada com a turma. Carapiru viajou de avião e barco até a aldeia para encontrar outros sobreviventes da tribo. Ele foi recebido com festas e experienciou um sentimento de pertencimento. O documentário termina com imagens de um indígena no mato.
Depois de assistir ao vídeo, é possível propor algumas discussões com a turma acerca dos assuntos abordados:
- Demarcação de terras indígenas;
- Exploração ambiental;
- Assassinato de povos indígenas;
- Identidade e cultura indígena;
- A importância dos índios na preservação do meio ambiente;
- O papel da mídia.
Confira algumas sugestões de atividades:
- Pesquisas sobre a atuação da mídia nas causas indígenas;
- Apresentação em grupo com exposição de slides sobre a destruição do meio ambiente e a pertinência de demarcar os territórios indígenas para conter esse problema;
- Manifestos coletivos divulgados na internet para combater a violência contra os indígenas.
A partir do uso dessa obra audiovisual na sala de aula, podem ser trabalhadas as seguintes competências e habilidades da BNCC nas áreas Linguagens e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas:
1. Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais e verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos nos diferentes campos de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e as possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo.
(EM13LGG104) Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta seus funcionamentos, para a compreensão e produção de textos e discursos em diversos campos de atuação social.
2. Compreender os processos identitários, conflitos e relações de poder que permeiam as práticas sociais de linguagem, respeitando as diversidades e a pluralidade de ideias e posições, e atuar socialmente com base em princípios e valores assentados na democracia, na igualdade e nos Direitos Humanos, exercitando o autoconhecimento, a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, e combatendo preconceitos de qualquer natureza.
(EM13LGG201) Utilizar as diversas linguagens (artísticas, corporais e verbais) em diferentes contextos, valorizando-as como fenômeno social, cultural, histórico, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso.
(EM13LGG202) Analisar interesses, relações de poder e perspectivas de mundo nos discursos das diversas práticas de linguagem (artísticas, corporais e verbais), compreendendo criticamente o modo como circulam, constituem-se e (re)produzem significação e ideologias.
3. Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais) para exercer, com autonomia e colaboração, protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa, ética e solidária, defendendo pontos de vista que respeitem o outro e promovam os Direitos Humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável, em âmbito local, regional e global.
(EM13LGG301) Participar de processos de produção individual e colaborativa em diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais), levando em conta suas formas e seus funcionamentos, para produzir sentidos em diferentes contextos.
(EM13LGG303) Debater questões polêmicas de relevância social, analisando diferentes argumentos e opiniões, para formular, negociar e sustentar posições, frente à análise de perspectivas distintas.
(EM13LGG304) Formular propostas, intervir e tomar decisões que levem em conta o bem consumo responsável em âmbito local, regional e global.
(EM13LGG305) Mapear e criar, por meio de práticas de linguagem, possibilidades de atuação social, política, artística e cultural para enfrentar desafios contemporâneos, discutindo princípios e objetivos dessa atuação de maneira crítica, criativa, solidária e ética.
6. Apreciar esteticamente as mais diversas produções artísticas e culturais, considerando suas características locais, regionais e globais, e mobilizar seus conhecimentos sobre as linguagens artísticas para dar significado e (re)construir produções autorais individuais e coletivas, exercendo protagonismo de maneira crítica e criativa, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas.
(EM13LGG604) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política e econômica e identificar o processo de construção histórica dessas práticas.
7. Mobilizar práticas de linguagem no universo digital, considerando as dimensões técnicas, críticas, criativas, éticas e estéticas, para expandir as formas de produzir sentidos, de engajar-se em práticas autorais e coletivas, e de aprender a aprender nos campos da ciência, cultura, trabalho, informação e vida pessoal e coletiva.
(EM13LGG703) Utilizar diferentes linguagens, mídias e ferramentas digitais em processos de produção coletiva, colaborativa e projetos autorais em ambientes digitais.
1. Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.
(EM13CHS102) Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, sociais, ambientais e culturais de matrizes conceituais (etnocentrismo, racismo, evolução, modernidade, cooperativismo/desenvolvimento etc.), avaliando criticamente seu significado histórico e comparando-as a narrativas que contemplem outros agentes e discursos.
(EM13CHS104) Analisar objetos e vestígios da cultura material e imaterial de modo a identificar conhecimentos, valores, crenças e práticas que caracterizam a identidade e a diversidade cultural de diferentes sociedades inseridas no tempo e no espaço.
2. Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços, mediante a compreensão das relações de poder que determinam as territorialidades e o papel geopolítico dos Estados-nações.
(EM13CHS204) Comparar e avaliar os processos de ocupação do espaço e a formação de territórios, territorialidades e fronteiras, identificando o papel de diferentes agentes (como grupos sociais e culturais, impérios, Estados Nacionais e organismos internacionais) e considerando os conflitos populacionais (internos e externos), a diversidade étnico-cultural e as características socioeconômicas, políticas e tecnológicas.
3. Analisar e avaliar criticamente as relações de diferentes grupos, povos e sociedades com a natureza (produção, distribuição e consumo) e seus impactos econômicos e socioambientais, com vistas à proposição de alternativas que respeitem e promovam a consciência, a ética socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional, nacional e global.
(EM13CHS302) Analisar e avaliar criticamente os impactos econômicos e socioambientais de cadeias produtivas ligadas à exploração de recursos naturais e às atividades agropecuárias em diferentes ambientes e escalas de análise, considerando o modo de vida das populações locais – entre elas as indígenas, quilombolas e demais comunidades tradicionais –, suas práticas agroextrativistas e o compromisso com a sustentabilidade
5. Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência, adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos.
(EM13CHS502) Analisar situações da vida cotidiana, estilos de vida, valores, condutas etc., desnaturalizando e problematizando formas de desigualdade, preconceito, intolerância e discriminação, e identificar ações que promovam os Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às diferenças e às liberdades individuais.
(EM13CHS503) Identificar diversas formas de violência (física, simbólica, psicológica etc.), suas principais vítimas, suas causas sociais, psicológicas e afetivas, seus significados e usos políticos, sociais e culturais, discutindo e avaliando mecanismos para combatê-las, com base em argumentos éticos.
6. Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fazendo escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
(EM13CHS601) Identificar e analisar as demandas e os protagonismos políticos, sociais e culturais dos povos indígenas e das populações afrodescendentes (incluindo os quilombolas) no Brasil contemporâneo considerando a história das Américas e o contexto de exclusão e inclusão precária desses grupos na ordem social e econômica atual, promovendo ações para a redução das desigualdades étnico-raciais no país.