Caro professor, o documentário "Libertem Angela Davis" faz parte da coleção Educação Antirracista e pode ser trabalhado no Ensino Médio. Ele foi produzido em inglês, mas contém legenda. Sugerimos que algumas temáticas sejam abordadas previamente para melhor compreensão do vídeo:
- Divisão dos Estados Unidos entre norte e sul;
- Resistência negra nos Estados Unidos;
- Assassinato de pessoas negras no decorrer da História.
Para auxiliar na discussão, confira o resumo a seguir.
O documentário apresenta trechos de entrevistas com Angela Davis, fotografias e vídeos de eventos de sua trajetória, além de entrevistas com amigos e familiares. No decorrer do vídeo, são mostradas imagens impactantes, inclusive de pessoas assassinadas, como a cena inicial do dia 7 de agosto de 1970, fato que foi marcante para a vida de Angela Davis.
Angela Davis nasceu em 1944 no Alabama – Estados Unidos – e conseguiu uma bolsa de estudos por meio de um programa que levava estudantes negros do Sul segregacionista para o Norte. Ela estudou no colégio de Nova York, onde ainda havia poucos alunos negros, e vivenciou muitas situações de humilhação, a exemplo da divisão do banheiro feminino para mulheres brancas e negras.
Isso despertou sua atenção para a pauta racista e o avanço dos movimentos negros, como os Panteras Negras e o Black Power. Ela desejava participar dessas organizações, pois queria mudanças. Algumas das pautas discutidas eram: brutalidade policial, assassinato de negros, racismo, desigualdade e dignidade para a população negra.
Angela Davis era considerada uma excelente aluna por parte de uma comunidade intelectual internacional. Ela desejava se engajar coletivamente e, após várias tentativas, conseguiu ajudar o líder do movimento Pantera Negra na promoção de um curso sobre marxismo. Posteriormente, se filiou ao Partido Comunista.
Ela conseguiu um cargo como professora de filosofia na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) para abordar temas como o marxismo. Suas aulas atraíam um grande público, mas a professora universitária foi cercada de polêmicas e ameaças por ser mulher, negra, ativista e, principalmente, comunista.
Por causa disso, foi feito um comitê para decidir sua demissão, uma vez que ela foi vista pelo governador Ronald Reagan como uma mulher perigosa e que poderia doutrinar os alunos com atividades prejudiciais ao meio acadêmico.
O documentário mostra que a revolução, muitas vezes romantizada, é sangrenta. Apesar dos revolucionários fazerem uma “marcha pela paz”, os protestos terminavam com agressão policial, tiroteios e mortes.
Angela Davis discursou inúmeras vezes sobre o genocídio de negros e se tornou um símbolo dos movimentos. Ela conheceu um prisioneiro e companheiro de luta, George Jackson, e se envolveu emocionalmente com ele. Um fato marcante foi a revolta do irmão mais novo de George e outros colegas, que ocasionou a morte de um juiz e de três pessoas, incluindo a do jovem rebelde.
Depois disso, Angela precisou fugir, porque foi acusada injustamente de três crimes puníveis com pena de morte: homicídio, sequestro e conspiração. A “prova” era o uso de armas durante o crime que estavam em seu nome, mas qualquer cidadão podia adquirir armamento na Califórnia, o que não provava a sua participação.
Ela ficou entre os dez fugitivos mais procurados pelo FBI e o principal motivo era por ser comunista. Assim que foi descoberta e presa em Nova York, Angela não reagiu e ficou na solitária para não ter contato com outras mulheres. Enquanto o governo comemorava, o povo lutava. Foram feitos diversos movimentos nacionais e internacionais pedindo liberdade para Angela Davis e para outros presos políticos. Além disso, os protestos se estendiam a músicas, espetáculos e até mesmo cartas de crianças.
Na cadeia, ela se apegou à leitura e à escrita, assim como George Jackson, que foi morto em uma suposta tentativa de fuga. Após muita luta, Angela Davis conseguiu ser solta sob fiança para aguardar seu julgamento, que durou 22 meses. Ela foi inocentada de todas as acusações.
Ao redor do mundo, as pessoas comemoraram e aplaudiram essa conquista, que não era individual, mas sim uma marca coletiva da luta de um povo oprimido.
Após assistirem ao vídeo, é possível promover um debate com a turma sobre os aspectos abordados. Além disso, confira outras sugestões de atividades:
- Leitura de uma das obras de Angela Davis e produção textual e artística conforme o livro para uma posterior publicação em meios digitais;
- Criação de um manifesto coletivo contra o racismo para ser divulgado na escola e nas redes sociais;
- Divisão da turma em grupos para pesquisas e apresentações de slides sobre o movimento feminista negro, com a exibição de mulheres que se destacaram nessa luta.
A partir do uso dessa obra audiovisual na sala de aula, podem ser trabalhadas as seguintes competências e habilidades da BNCC nas áreas Linguagens e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas:
1. Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas culturais (artísticas, corporais e verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos nos diferentes campos de atuação social e nas diversas mídias, para ampliar as formas de participação social, o entendimento e as possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo.
(EM13LGG104) Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta seus funcionamentos, para a compreensão e produção de textos e discursos em diversos campos de atuação social.
2. Compreender os processos identitários, conflitos e relações de poder que permeiam as práticas sociais de linguagem, respeitando as diversidades e a pluralidade de ideias e posições, e atuar socialmente com base em princípios e valores assentados na democracia, na igualdade e nos Direitos Humanos, exercitando o autoconhecimento, a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, e combatendo preconceitos de qualquer natureza.
(EM13LGG201) Utilizar as diversas linguagens (artísticas, corporais e verbais) em diferentes contextos, valorizando-as como fenômeno social, cultural, histórico, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso.
3. Utilizar diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais) para exercer, com autonomia e colaboração, protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa, ética e solidária, defendendo pontos de vista que respeitem o outro e promovam os Direitos Humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável, em âmbito local, regional e global.
(EM13LGG303) Debater questões polêmicas de relevância social, analisando diferentes argumentos e opiniões, para formular, negociar e sustentar posições, frente à análise de perspectivas distintas.
(EM13LGG305) Mapear e criar, por meio de práticas de linguagem, possibilidades de atuação social, política, artística e cultural para enfrentar desafios contemporâneos, discutindo princípios e objetivos dessa atuação de maneira crítica, criativa, solidária e ética.
7. Mobilizar práticas de linguagem no universo digital, considerando as dimensões técnicas, críticas, criativas, éticas e estéticas, para expandir as formas de produzir sentidos, de engajar-se em práticas autorais e coletivas, e de aprender a aprender nos campos da ciência, cultura, trabalho, informação e vida pessoal e coletiva.
(EM13LGG703) Utilizar diferentes linguagens, mídias e ferramentas digitais em processos de produção coletiva, colaborativa e projetos autorais em ambientes digitais.
1. Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da pluralidade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica.
(EM13CHS102) Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, sociais, ambientais e culturais de matrizes conceituais (etnocentrismo, racismo, evolução, modernidade, cooperativismo/desenvolvimento etc.), avaliando criticamente seu significado histórico e comparando-as a narrativas que contemplem outros agentes e discursos.
4. Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes territórios, contextos e culturas, discutindo o papel dessas relações na construção, consolidação e transformação das sociedades.
(EM13CHS401) Identificar e analisar as relações entre sujeitos, grupos, classes sociais e sociedades com culturas distintas diante das transformações técnicas, tecnológicas e informacionais e das novas formas de trabalho ao longo do tempo, em diferentes espaços (urbanos e rurais) e contextos.
5. Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência, adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos.
(EM13CHS502) Analisar situações da vida cotidiana, estilos de vida, valores, condutas etc., desnaturalizando e problematizando formas de desigualdade, preconceito, intolerância e discriminação, e identificar ações que promovam os Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às diferenças e às liberdades individuais.
(EM13CHS503) Identificar diversas formas de violência (física, simbólica, psicológica etc.), suas principais vítimas, suas causas sociais, psicológicas e afetivas, seus significados e usos políticos, sociais e culturais, discutindo e avaliando mecanismos para combatê-las, com base em argumentos éticos.
6. Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fazendo escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
(EM13CHS603) Analisar a formação de diferentes países, povos e nações e de suas experiências políticas e de exercício da cidadania, aplicando conceitos políticos básicos (Estado, poder, formas, sistemas e regimes de governo, soberania etc.).