Relato de atividade em sala de aula

BARBOSA: UM PRISIONEIRO DO PASSADO.

Visualizações |
Vote aqui
Barbosa
30/06/2010
Ensino Fundamental - Anos Finais
40
wendell de freitas amaral
EE DEPUTADO OLAVO COSTA | MG | Juiz de Fora | Estadual





1. analisar as relações entre ficção e história; 2. ler o roteiro original do curta; 3. compreender as relações de sentido entre o texto do roteiro e as imagens do curta; 4. traçar um breve panorama sócio-hitórico do preconceito racial; 5. buscar as causas que contribuíram para a discriminação do personagem histórico Barbosa; 5. debater sobre as consequências psicológicas e sobre o ato de culpa vivenciado por Barbosa; 6. pensar as relações entre futebol e vida, no nosso país; 7. comparar as visões do Eu (identidade) e do Outro (alteridade); 8. debater sobre o individual e o coletivo no esporte.

1. Pesquisa sobre a Copa de 50 (dados históricos; curiosidades; simbologia do Maracanã; expectativas para o primeiro título Brasileiro; regulamento, participantes e resultados etc). Há um bom resumo ilustrado da Copa, no seguinte site: http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2002/copa/historia-1950.shtml. 2. Debate focando a importância social e histórica da Copa do Brasil, num momento pós-guerra, no qual o país vivia um sonho de prosperidade e potência, ao contrário da maioria dos países europeus destruídos pelas bombas. 3. 1ª exibição do curta "Barbosa" (1988). 4. Leitura do roteiro de Jorge Furtado, Ana Luiza Azevedo e Giba Assis Brasil, acessado em: http://www.casacinepoa.com.br. 5. Esclarecimento das características do gênero roteiro e sua função na sequência das 16 cenas do filme. 6. 2ª exibição do curta para que os alunos, com roteiro em mãos, pudessem compreender melhor a relação entre texto e imagem. 7. Debate sobre o olhar dos cineastas sobre o fato histórico e como construíram a outra história, a de ficção científica (Paulo volta ao passado através de sua máquina do tempo tentando mudar sua história e a de Barbosa). 8. Breve panorama histórico da discriminação racial no país relacionada ao fato de Barbosa (primeiro goleiro negro da seleção brasileira) ter sido estigmatizado como azarado e culpado pela derrota. 9. Leitura e comparação de depoimentos que mostram diferentes visões sobre o jogo. Jogadores: Barbosa e Zizinho (Brasil) - Ghiggia, Obdulio Varela e Julio Perez (Uruguai); espectadores Jules Rimet (presidente da FIFA); Carlos Heitor Cony (escritor). 10. Debate sobre as concepções de vitória e derrota; sobre a relação Eu-Outro; e sobre o papel do individual e do coletivo no esporte e nas relações humanas.

A experiência foi bastante proveitosa e oportuna, pois, em época de Copa, todos os alunos se mostraram interessados e empenhados em conhecer, debater e aprender mais sobre o passado de seu país. Num primeiro momento, alguns acharam estranho: "por que pesquisar sobre a Copa de 50?". Expliquei como havia planejado as atividades e seus objetivos, e eles se mostraram interessados. Como muitos desconheciam a história daquela Copa, a construção do Maracanã e que foi daí que surgira a expressão "Maracanazzo" - "Só três pessoas calaram o Maracană: o papa, Frank Sinatra e eu." (Ghiggia), aos poucos percebi que o interesse crescia para buscar nos arquivos toda a história daquele jogo. Inicialmente, se mostraram, como os brasileiros da época, injuriados pela derrota brasileira em casa. Após a 1ª exibição do curta, os alunos se sensibilizaram pela figura de Barbosa e pareceu dar-lhes calafrio a narração de Jorge Cury do gol decisivo: "Corre Ghiggia. Aproxima-se do gol do Brasil e atira... Ghiggia, segundo gol do Uruguai. Dois a um, ganha o Uruguai." Comentamos, ao lermos o roteiro, a declaração do prefeito do DF. Ficou claro que o Brasil fora superior nos outros jogos e já era visto como campeão, como confirma a declaração do jogador uruguaio Obdulio Varela: "se jogássemos mais 100 vezes com o Brasil, perderíamos 99". Após a análise do texto e das imagens, os alunos estavam conscientes do "peso" daquela derrota para os 50 milhões de brasileiros na época, e principalmente para Barbosa. As declarações de Barbosa e de outras pessoas envolvidas no fato, e a tentativa de Paulo de reverter a história, serviu para que os alunos refletissem. Na vida a derrota é um resultado tão possível quanto a vitória, devemos valorizar a conquista uruguaia e não lamentar, e pensar na injustiça cometida contra o goleiro culpado por uma falha coletiva e discriminado por ser negro. "No Brasil, a pena máxima por um crime é de 30 anos. Eu pago há 44 anos por um crime que năo cometi..."(Barbosa).